IGREJA: “TIRADOS PARA
FORA”
“... e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela”. (Mt 16.18).
Jesus Cristo veio ao
mundo para salvar os pecadores. Vamos iniciar essa conversa estabelecendo um
marco de referência para o pensamento que se seguirá. Quem é Jesus Cristo?
Todos sabemos que é o Filho de Deus. Mas por quê? Por que Ele veio ao mundo?
Por que Ele morreu na cruz e ressuscitou? A resposta é óbvia para nós cristãos,
mas não é tão óbvia para o restante do mundo inteiro. As estatísticas atuais
nos informam que aproximadamente 15% da população mundial confessa a fé em Jesus Cristo. Analisando
friamente, esse número seria como uma partida de futebol em que Satanás está
ganhando de 6 a
1 contra a Igreja. Mas você pode pensar: “Ah, mas a minha igreja está lotada!
Temos dois mil membros todos os domingos! Eu estou fazendo a minha parte!” Sim,
isso é fato inegável, mas nós estamos tão ocupados em nossas tão afadigosas
tarefas que não estamos percebendo, à luz da Bíblia, o enorme risco de fracasso
que nós estamos submetendo o Corpo de Cristo na Terra. Já pensou no Dia do
Juízo, 6 bilhões de pessoas sendo condenadas ao inferno eterno (vitória pro
diabo) enquanto apenas 1 bilhão estará alcançando a salvação? Será que esse
roteiro está de acordo com os planos eternos de Cristo em sua morte na cruz?
Estamos cumprindo nossa missão? Simplesmente serei salvo e não haverei de
prestar contas a respeito disso? O cenário fica ainda pior quando as
estatísticas demonstram que apenas 5% dos que se chamam “cristãos” são de fato
verdadeiros seguidores de Cristo, aqueles que procuram realmente em tudo seguir
os passos de Seu Mestre e fazer a sua vontade. Analise comigo: se de fato a
porta é estreita como disse o Senhor em Mateus 7.13-14, isso significa que
apenas 0,015% da população mundial alcançará a salvação se o arrebatamento
fosse hoje! Você acha justo que Cristo morreu por toda a humanidade e só sejam
arrebatados 0,015%? Você acha que não haverá um juízo severo contra nós, os pastores
do rebanho Dele? Medite a respeito.
O exemplo bíblico de
Igreja
Por que o livro de
Atos foi escrito? Seria apenas um livro histórico ou Deus teria alguma intenção
maior do que apenas nos fazer conhecer a história? Se nós, pastores,
analisarmos Atos de modo restrito, ou seja – caminharmos somente conforme está
escrito – então descobriremos que estamos há anos-luz distantes daquilo que o
Senhor Jesus ordenou aos seus ministros. Eu costumo dizer que A Igreja
Ocidental (essa que está visível por aí) é como um foguete espacial que está
com um sério desajuste na sua rota, não obedecendo aos cálculos previamente
descritos nos mapas. Por favor, me responda: esse foguete chegará no seu
destino final? Por acaso não será trágico o seu fim? Vamos ver o exemplo dos
crentes de Beréia, narrado em Atos 17.10: “Ora, estes eram mais nobres do que
os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando
diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim”.(At 17.10).
Infelizmente, não é isso que temos observado na Igreja de Jesus hoje. Não me
entenda mal, não estou dizendo que os líderes não são homens honestos, zelosos
em sua missão, porém temos aceitado na Igreja o que Cristo chamou de “fermento
dos fariseus”, uma tradição humana que nos faz ser muito mais semelhante ao
mundo do que à Igreja que conhecemos em Atos. Quase tudo que temos hoje na Igreja é
fermento: eventos, palestras, encontros, grupos disso e daquilo, muito
entretenimento e ocupação, e quase nada do Evangelho de Cristo. Vamos ler um
pouco do Evangelho de Cristo e analisar: “Vós sois o sal da terra; mas se o sal
se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? Para nada mais
presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.Vós sois a luz
do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem os que
acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim
ilumina a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que
está nos céus.” (Mt 5.13-16) “E rogo não somente por estes, mas também por
aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um; assim
como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para
que o mundo creia que tu me enviaste.” (Jo 17.20-21) Sejamos humildes e
sinceros: nós, pastores e líderes da Igreja de Jesus e todos os membros de
nossas igrejas, estamos sendo verdadeiramente sal da terra e luz do mundo? A
nossa luz está resplandecendo diante dos homens? Estamos fazendo o mundo crer
que Jesus verdadeiramente é o Filho de Deus enviado a salvar a humanidade? Eu
posso imaginar o Filho de Deus, Rei dos reis e Senhor dos senhores, julgando em
seu trono dizendo assim: “e vós, apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
mestres da minha Igreja, o que fizeram com os talentos que vos confiei?” E nós,
sem nenhuma vergonha responderemos assim: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós
em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos
muitos milagres?” E Ele nos responderá certamente com lágrimas nos olhos:
“Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” Mas e
os dons que operamos em nossas igrejas? E os incontáveis milagres? E os
batismos e aulas de formação de líderes etc e tal? Irmãos, com o espírito mais
correto tente compreender algo que demorou anos para eu entender, e ainda estou
longe de compreender por completo: poucas coisas são necessárias ou até mesmo
uma só, e é isso que devemos escolher (leia Lc 10.38-42). Não serão as boas
obras que nos conduzirão ao Céu, nem a fé sem as obras, muito menos os diversos
dons que o Espírito Santo nos concede, mas será sim o fiel cumprimento da
vontade Dele, aquilo que Ele mandou fazer. Ele mesmo disse assim: “Vós sois
meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.” (Jo 15.14) Esta é uma afirmação
condicional, só seremos amigos de Jesus se fizermos o que Ele manda. Eu entendo
isso como o caráter restritivo da vontade de Deus. É como as coisas funcionam num
Reino: você pode ter idéias maravilhosas, fazer coisas extraordinárias, mas só
será válido aquilo que fez conforme as ordens do Rei. Reino é isso. E a Palavra
de Deus demonstra claramente que o Reino de Cristo é restritivo também. Vamos
analisar uma característica forte da Igreja de Atos. Antes de subir ao Céu
naqueles últimos momentos com os apóstolos, o Senhor Jesus fez a seguinte
declaração: “... Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho
mandado...” (Mt 28.18-20) Podemos entender claramente que agora Jesus é Rei e
Senhor, e determinou uma ordem aos seus súditos. Eu te pergunto: você teria
coragem de desobedecer à ordem de um Rei, sabendo a conseqüência disso? Para
nós, ocidentais, é difícil compreender o significado de Reino, mas para os
apóstolos, que estavam sob o jugo do Império Romano, foi fácil compreender,
principalmente porque agora quem lhes falou foi o Filho de Deus Ressurreto que
subiu aos céus. O que eles fizeram em poucos anos ministério? Olha o que o
livro de Atos nos conta: “Não vos admoestamos expressamente que não ensinásseis
nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar
sobre nós o sangue desse homem.” (At 5.28). Confesso aos irmãos que eu não
compreendia essa passagem no modo literal, “ipsis literis”. Foi quando eu pedi
ao meu Amigo, o Espírito Santo, que me ensinasse e me mostrasse o que realmente
essa passagem diz. Foi quando Ele me mostrou numa ilustração uma garrafa de
água sendo cheia, cheia... Até transbordar! Foi lindo demais o que eu vi! E é
isso o que o Senhor realmente quer da Sua Igreja, encher a Terra com o
Evangelho até transbordar, e então vir buscar a sua Amada Noiva. Lembra das
tristes estatísticas citadas há pouco? Comparou com o que o ministério dos
apóstolos causou em Jerusalém? A cidade, que naquela época tinha
aproximadamente 120 mil pessoas, estava tomada pelo Evangelho, não se ouvia
outra coisa, senão que Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao mundo para salvar
os pecadores, dos quais nós somos os principais. E nossas cidades? Estão cheias
da doutrina dos apóstolos? Vamos analisar outra demonstração do ministério dos
apóstolos e comparar com os nossos ministérios: “Porém, não os achando,
arrastaram Jáson e alguns irmãos à presença dos magistrados da cidade,
clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui, os quais
Jáson acolheu; e todos eles procedem contra os decretos de César, dizendo haver
outro rei, que é Jesus”. (At 17.6-7). Amados irmãos, colegas de ministério,
sejamos sinceros: Nossos ministérios, nossas vidas, nossas igrejas têm
transtornado o mundo? Na tradução de King James, em inglês, isso significa
“virar o mundo de cabeça para baixo!” É por isso irmãos que nós precisamos
agora, hoje, nesses dias, refletir muito sobre o que temos feito de nossos
ministérios e ajustar os ponteiros antes que seja tarde demais. Não apenas as
nossas vidas estão em risco, mas a de nossos ouvintes também: “Tem cuidado de
ti mesmo e do teu ensino; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te
salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (1Tm 4.16)
A ORDEM DO SENHOR
JESUS
Vamos assumir o
princípio da ordem do Senhor Jesus em Mt 28.19-20: Ide... fazei discípulos...
batizando-os... e ensinando-os... ensinando o quê? Todas as coisas que Ele
ordenou aos apóstolos! E mais nada! Lembram do caráter restritivo do Reino?
Esse é o nosso problema! Queremos fazer outras coisas! Temos muitas idéias etc
e tal! Nada disso. Hoje nós estamos mais para pedras de tropeço do que para
amigos de Jesus, dando asas à nossa imaginação fértil e esquecendo-se das
ordens Dele. Nossa obrigação como pastores é fazer o que Ele mandou: Ir...
fazer discípulos... batizar... e ensinar o que Ele ordenou aos apóstolos. Então
vamos ver como Jesus formou e pastoreou o Seu primeiro rebanho.
1. “Ide...” Jesus foi
o primeiro missionário da Igreja. Ele morava na presença do Pai, e por causa do
Seu chamado, então saiu do seu lar celestial e veio para cá, entregando a Sua
vida por resgate de muitos. Essa é a regra número 1 de apostolado (apóstolo =
enviado = missionário): sair de sua terra e entregar a sua vida por resgate de
um povo, até mesmo morrendo lá se isso for necessário. Foi Ele quem estabeleceu
o padrão para ser discípulo Dele: “Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir
após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Pois quem
quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de
mim, esse a salvará.” (Mt 16.24-25, Mc 8.34-35, Lc 9.23-24) Nenhum de nós
encontrará nas Santas Escrituras alguém convidando outra pessoa para “vir à
minha igreja”. Não é esse o padrão da Igreja Bíblica, vamos assim dizer. Nos
tempos de Jesus, Ele mesmo ia por “todas as cidades e povoados, ensinando e
pregando o evangelho do reino e curando os enfermos” (conforme Mt 9.35). Quando
Ele chamou os discípulos, os ordenou a fazer a mesma coisa em Mt 10.5: “A estes
doze enviou Jesus...”, nem preciso citar a ordem em Mt 28.19: “Portanto,
ide...”. Quando Barnabé e Saulo foram separados pelo Espírito Santo para o
apostolado, o texto diz em At 13.3: “Então, jejuando e orando, e impondo sobre
eles as mãos, os despediram.” Irmãos, conseguem perceber que o sentido bíblico
é “para fora”? Não é “para dentro”. Mas aí você pode me perguntar: Mas você
confia em seus obreiros a ponto de enviá-los, assim, sem controle? Eu ouço
muitos pastores fazerem essa pergunta: Como controlar isso? Meus irmãos é
justamente por isso que temos no modelo bíblico a resposta para essas
perguntas. Agora eu pergunto: quem nos controla? Não somos nós guiados pelo
Espírito Santo? Não somos nós guiados por Ele de forma que nossos discípulos
possam tornar-se como nós ou até melhores do que nós? Se esse não tem sido o
resultado do nosso ministério, então estamos falhando gravemente com nossos
discípulos. Nós, pastores, estamos negligenciando a vocação que nossos
discípulos têm de se tornarem maiores do que nós. Resultado: 6 a 1 pra
Satanás... “Fazei discípulos...” Então, Jesus, logo no início do seu
ministério, começou a chamar seus discípulos, começando por Pedro, André, Tiago
e João, dizendo assim: “E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia, viu dois
irmãos -Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, os quais lançavam a rede ao
mar, porque eram pescadores. Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei
pescadores de homens. Eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram.
E, passando mais adiante, viu outros dois irmãos -Tiago, filho de Zebedeu, e
seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e os
chamou. Estes, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.” (Mt
4.18-22) Como diz um amigo meu: agora o cinto vai apertar! Amigo pastor, você
que agora está lendo esse estudo, eu te pergunto: será que vale a pena te
seguir? Será que vale a pena alguém largar tudo e seguir o seu ministério?
Sejamos sinceros, nós estamos mentindo para nossas ovelhas, ajudando-as a
ajustar o chamado de Deus com suas vidas naturais porque, afinal de contas,
“precisamos comer”, é o que eu sempre ouço. Não foi isso que o Senhor fez! Ele
chamou uma vez só e os discípulos largaram tudo! Será que Jesus não sabe que
eles têm necessidades naturais? Lembram do caráter restritivo do reino de Deus?
O Rei chamou! Devo obedecê-lo? Ou devo de alguma forma tentar conciliar a vida
natural dos meus discípulos com a jornada cristã? Não estou defendendo que
ninguém deva trabalhar, mas estou falando da verdade da palavra de Deus, que
nossa motivação deve ser sempre buscar primeiramente o Reino de Deus e a sua
justiça, e as demais coisas nos serão acrescentadas (Mt 6.25-34 e Lc 12.22-34).
Esse deve ser o fator número um em nossos seguidores, e só será assim se eles
verem em nós o exemplo e entenderem que vale a pena nos seguir: “E eu vos farei
pescadores de homens”. Vamos falar um pouco de Levi. Se um homem de alta
posição hoje entrasse em nossas igrejas, teríamos a coragem de convidá-lo a
largar tudo e tornar-se nosso discípulo? Pois foi exatamente isso que Jesus fez
com Levi: “Depois disso saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na
coletoria, disse-lhe: Segue-me. Este, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.”
(Lc 5.27-28) É por causa dessas coisas escritas na Bíblia que eu creio que
haverá um rigor seríssimo contra nós pastores no dia do Juízo, porque não
estamos vivendo o Evangelho e nem exercendo nossos ministérios a exemplo do
Mestre, se é que podemos chamá-Lo assim. Nós achamos tudo lindo na Palavra de
Deus, tudo maravilhoso, dizemos que a Bíblia é o nosso manual, porém não
seguimos os seus passos. Somos fariseus hipócritas na melhor definição da
palavra! A verdade é que somos estéreis, impotentes, e não somos capazes de
conquistar o coração de um discípulo de modo que este “largue tudo” para
alcançar a sua herança. Por quê? Por causa disso: “Não é o discípulo mais do
que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser
como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa,
quanto mais aos seus domésticos?” (Mt 10.24-25) Será que somos parecidos com
Jesus? Nossas palavras, nossos atos, nossos gestos de amor, refletem a Cristo?
Perdoem-me os irmãos, e eu também me incluo nisso, mas a nós cabe apenas ser
como Ele é. Se Cristo, sendo Deus, assumiu a forma de servo, devo eu assumir a
forma de um mega-empresário? Se Cristo entregou a sua vida por resgate de
muitos, devo eu cuidar da minha vida com luxo e conforto? É por isso que hoje
não temos discípulos a exemplo dos que encontramos na Palavra de Deus, porque
simplesmente as pessoas não encontram em nós líderes que valem a pena seguir,
viver e até mesmo morrer se for necessário. Vejam que detalhe importante
encontramos em Mt 10.1 e 5: “E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes
autoridade...” “A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes
instruções...” Liderar significa ir à frente. Para ser um bom líder é preciso
delegar autoridade e dar instruções claras e bem definidas. Foi exatamente isso
o que fez o nosso Mestre, e ele não esperou muito tempo para fazer isso: ele
chamou, ensinou e já os enviou, delegando a sua própria autoridade e dando-lhes
instruções de como deviam agir. Parece simples, não é mesmo? E é simples assim!
Nós pastores é que complicamos as coisas... Precisamos reconhecer e ser como
nosso Mestre. Como líderes do Reino de Deus precisamos retransmitir de modo bem
claro as instruções do Senhor aos seus súditos, começando por mim e por você.
Se nossos liderados verem em nós a autoridade que Cristo delegou aos apóstolos
e verem em nós a obediência que foi notável na vida deles, é certo que então
valerá a pena nos seguir, porque só assim teremos a autoridade de Cristo na
Terra. “Batizando-os...” Batizar
significa “imergir” ou “molhar totalmente”. Isso aponta para “passagem de um
lado para outro”, ou passar “de seco para molhado”. Quando Jesus chamou os
discípulos, Ele foi claro em definir que era necessário uma mudança radical, ou
melhor, um novo nascimento: “Em verdade, em verdade te digo que se alguém não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” (Jo 3.3) “Em verdade, em verdade
te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no
reino de Deus.” (Jo 3.5) “Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é
nascer de novo.” (Jo 3.7) O que Jesus nos ordenou como ministros do Reino de
Deus foi tornar bem claro a todos os ouvintes do Evangelho que, se realmente
querem ingressar o Reino de Deus, precisam passar “de um lado” para “o outro
lado”, precisam passar de “secos” para “molhados”. Os que decidem seguir a
Jesus precisam demonstrar de modo muito claro que mudaram de vida, abandonaram
“o outro lado”, deixaram de ser “secos” e agora estão “imersos”, “totalmente
molhados”. Não podemos simpatizar com os nossos ouvintes a ponto de negligenciarmos
a verdade que os converterá das trevas para a luz. Filipe mostrou ao eunuco que
importava ser salvo pela fé em Jesus. O eunuco entendeu que era caso de vida ou
morte para ele. Por isso ele tão logo viu um lago já decidiu passar para o
outro lado. Por que hoje é tão comum haver pessoas “desviadas” do Evangelho? Na
minha cidade há mais desviados do que crentes praticantes! Se todos eles
decidissem hoje voltar às igrejas, não haveria lugar para os “crentes”
sentarem! Na sua cidade é assim também? Por quê? Por que não estamos ensinando
de modo claro que seguir a Jesus não é melhorar de vida, não é incluir um
acessório em seu modo de viver, mas abandonar o mundo e sujeitar a minha vida
ao senhorio Dele. Isso é sair de um reino e entrar em outro. Há um preço a
pagar, e precisamos ensinar a verdade: “...E quem não toma a sua cruz, e não
segue após mim, não é digno de mim” (Mt 10.38). “Ensinando-os...” Se tem um
ponto forte onde o Mestre dedicou-se muito foi na formação dos seus discípulos.
Ensinar foi o que Jesus mais fez em seus três anos e meio de ministério. Eu
acredito que, se nós queremos ter líderes bem formados, a exemplo dos
discípulos de Jesus, então, devemos dedicar-nos muito a ensiná-los... o quê?
Tudo o que o Senhor ordenou aos apóstolos. Onde estão esses escritos? Resposta:
Nos Evangelhos! Ali estão todas as respostas para a formação de líderes
parecidos com Jesus: apaixonados pela obra, que amam uns aos outros, que se
compadecem do próximo, que estabelecem padrões de santidade e caráter dignos de
ministros do Senhor, assim como foram os apóstolos. Vamos ler alguns textos do
Mestre ensinando, começando pelo episódio no templo quando Ele tinha apenas 12
anos de idade: “E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo,
sentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os. E todos os que o
ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas.” (Lc 2.46-47)
“Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado,
aproximaram-se os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:
Bem-aventurados...” (Mt 5.1-3) “Ao concluir Jesus este discurso, as multidões
se maravilhavam da sua doutrina; porque as ensinava como tendo autoridade, e
não como os escribas.” (Mt 7.28-29) “Outra vez começou a
ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que ele
entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o povo estava em terra
junto do mar. Então lhes ensinava muitas coisas
por parábolas...” (Mc 4.1-2) “..Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então
conhecereis que eu sou, , assim falou”. (Jo 8.28) Nos Evangelhos existem 48 passagens onde o
Senhor está ensinando, e 29 onde o Senhor efetuou curas... vê a diferença?
Não significa que curar seja de menor importância, mas Jesus enfatizou o .os
apóstolos que se sucederia. E tudo o que Ele ensinava está nos Evangelhos! Não
precisamos complicar, basta seguir os passos do Mestre. Tem algum ensino
necessário que não esteja nos Evangelhos? É claro que a Bíblia inteira é
importante, isso é inquestionável, mas a pergunta é: falta alguma coisa nos
Evangelhos? Ali está a essência do caráter de Deus, do amor ao próximo,
santidade, compaixão, liderança, salvação... Está tudo ali! “Ensinando-os a
observar todas as coisas que eu vos tenho mandado...” Tudo o que Jesus ordenou
estão nos Evangelhos, sim ou não? Foi o que Jesus ensinou, e considero razoável
que nós, pastores, sigamos o exemplo Dele.
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